O
que nos pediria um autista?
Ajuda-me
a compreender. Organiza meu mundo e ajuda-me a prever o que vai
acontecer. Dá-me ordem, estrutura, e não um caos.
Não
fiques angustiado comigo, pois isto também me angustia.
Respeita
meu ritmo. Se compreenderes minhas necessidades e meu modo especial
de ver a realidade, não terás dificuldade de te relacionares
comigo. Não te deprimas; o normal é eu progredir e me desenvolver
cada vez mais.
Não
fales muito, nem depressa demais. Para ti as palavras voam como
plumas, não pesam para ti, mas para mim podem ser uma carga muito
pesada. Muitas vezes não é esta a melhor maneira de te relacionares
comigo.
Como
todas as demais crianças, e como os adultos, sinto necessidade de
partilhar o prazer e gosto de fazer bem as coisas, embora nem sempre
o consiga.
Para
mim é difícil compreender o sentido de muitas coisas que me pedem
para fazer. Ajuda-me a compreender. Procura pedir-me coisas que
tenham sentido completo e decifrável para mim. Não deixes que eu me
embruteça e fique inativo.
Não
te envolvas demais comigo. Às vezes as pessoas são muito
imprevisíveis, barulhentas demais e excessivamente animadoras.
Respeita a distância de que preciso, mas sem me deixares sozinho.
Meu
desenvolvimento não é irracional embora não seja fácil de
entender.
Tem
sua própria lógica, e muitas das condutas que chamas de “alteradas”
são formas de enfrentar o mundo com minha forma especial de ser e
perceber. Faze um esforço para me compreenderes.
Aceita-me
como sou. Não condicione a tua aceitação a que eu deixe de ser
autista. Sê otimista sem te tornares “romântico”. Minha
situação em geral tende a melhorar, embora por enquanto não tenha
cura.
Vale
a pena viver comigo. Posso te proporcionar tanta satisfação como as
demais pessoas. Pode acontecer um momento em tua vida em que eu,
“autista” seja a tua maior e melhor companhia. (Angel
Riviere Gómez)
Nenhum comentário:
Postar um comentário